quinta-feira, 27 de outubro de 2011

BAIANO DA FOICE(O Herói do Piquiri)



O primeiro homem a pisar este conturbado solo do Vale do Piquiri, foi sem dúvida alguma, José Antonio de Araújo, ou melhor, “Baiano da Foice”, um heróico desbravador que, a pedido dos diretores da Colonizadora, aceitou o desafio de desbravar esta inóspita região, totalmente dominada por exuberante floresta. Ele sabia que a tarefa seria árdua, mas isto não importava. No lombo de sua mula Roxa, nada o detinha, nem mesmo as mais terríveis dificuldades. Nascido em Candeúba, baiano  dos bons, do dia  15 de Junho de 1909, sua vida sempre foi marcada pelo implacável estigma do sofrimento. Não há estado brasileiro que ele não conheça, em todos deixando a marca de sua passagem.Mas foi exatamente no Paraná, mais precisamente mo Oeste, que ele escreveu seu nome nas tábuas da História da Colonização. Casado com a sra. Aracina Alves de Araújo, Baiano da Foice já sofreu algumas decepções em sua vida, mas as grandes almas aceitam tudo com paciência e resignação. Após atravessar o mitológico e fantástico Rio Piquiri sobre tambores, Baiano da Foice armou acampamento, constituído de rústicas construções de palmito e cobertas de tabuinhas. Exatamente neste local, acionando seus companheiros, Baiano da Foice fez uma revelação surpreendente: “ Aqui será o campo de aviação...” Todos se mostraram estupefatos. “Eu não disse a vocês que este homem é louco... Se endoidar de vez, tem que ser amarrado... diziam os picadeiros. Tempos depois, à base de dinamite, foice e machado, estava concluído o campo de aviação, época em que a CNP iniciou a venda dos primeiros lotes em Assis Chateaubriand. Esta odisséia de Baiano da Foice, no entanto, não foi tão fácil assim. Muitas vezes via-se na difícil contingência de caminhar quilômetros e quilômetros a pé para buscar provimentos a seus homens. Depois... Tudo foi ilusão, mero sonho que ele inflamava com amor para ser diamantizado num pedestal de honra: Assis Chateaubriand se esqueceu do “herói do Piquiri”, que hoje claudica pelas ruas em busca de compreensão. Sessenta e oito ano para esculpir uma... estátua de ilusão, protagonizando no mais difícil papel de um teatro selvagem. Está esmagado pelo esquecimento. Quando será lembrado? Talvez... nunca mais. Porém, está satisfeito, com a consciência limpa por ter cumprido o seu dever.(Regional em Revista, Ano I, n.º 01 – Agosto de 1977).
Certamente que Baiano da Foice era homem de confiança de Adizio Figueiredo, que tinha um grande apreço pelo desbravador. Tal sua importância que após a construção do campo de aviação(nas proximidades do campo japonês), local escolhido por ser mais alto da região, sendo estratégico para pouso e decolagem de aviões, pois nesse período adquiria-se terras através de viagens aéreas e depois tomavam posse. Quando da chegada no campo de aviação, havia um portão onde o Baiano determinava quem entrava na cidade, que estava sendo formado a dois quilômetros, sendo permitido apenas quem iria adquirir lotes de terras. Devido a esse fato o primeiro da localidade: Campo dos Baianos e também devido a origem de pessoas do sudeste, centro oeste, norte e nordeste. Um grande erro é da não valorização dessas pessoas, onde que a história somente evidencia os donos das terras, os administradores e esquecem daqueles que vieram para trabalharem na colonização e na derrubada das florestas. Não somente em Assis Chateaubriand, mas também nos municípios da região oeste, muito desses desbravadores, picadeiros, homens de confiança, foram esquecidos, ou simplesmente largados à própria sorte, muitos acabaram morrendo com indigentes e sem amparo. Baiano da foice, já falecido, merece o nosso respeito, e ainda continua sendo uma personalidade importante no contexto histórico da nossa morada amiga e que contribui muito para a nossa identidade histórica e cultural. Ele deixou de participar da vida ativa do município, apenas cuidando de sua vida. Sua última aparição foi registrado em uma fita, comentando sobre conflitos de terras , na época da colonização, na ocasião de programa eleitoral, onde que esse assunto vale a pena comentar em outra oportunidade. Aqui fica nosso alerta para os órgãos públicos, historiadores e familiares de nossos pioneiros para que tenham a preocupação em cultivar, estudar, analisar as ações desses homens e mulheres que até hoje afetam nosso cotidiano, e que nunca devem ser esquecidos e sim lembrados com admiração.
Claudiney Lucio
Kaiphyra – Historiador – Agente Cultural

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